quarta-feira, 11 de abril de 2018


Anfiteatro romano
Alguns detalhes da arena do Anfiteatro. No chão as tumbas de um antigo cemetério que ficava no local.
Circo romanoConstrução na Via do Império Romano

Coliseu



O Anfiteatro Flaviano, conhecido como O Coliseu, talvez a mais emblemática construção romana, foi iniciado por Vespasiano em 72 e inaugurado em 80 por seu filho Tito Flávio (79 – 81). Foi terminado por Domiciano entre 81 a 96. É o maior anfiteatro romano já construído e se tornou o símbolo da própria Roma. Estima-se uma capacidade para 50.000 a 80.000 espectadores. O edifício forma uma elipse com perímetro de 527 m, com eixos medindo aproximadamente 187 e 156 m. A arena medida cerca de 86 × 54 m, e altura atual atinge 48,5 m, mas originalmente possuía 52 m. Assim como o Arco de Tito, o trabalho foi financiado com as receitas resultantes de impostos e despojos do saque do Templo de Jerusalém, no ano 70 d.C.
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Anfiteatro Flaviano, o Coliseu, visto a partir das encostas do Esquilino, local da antiga Domus Aurea de Nero.
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Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
A área construída foi o vale entre o Fórum e o Celio, no local do lago artificial da Domus Aurea de Nero. A demolição dos edifícios e da imagem de Nero foi parte de uma política de Estado devido ao seu desastroso e infame governo, e o Coliseu seria uma excelente oportunidade do império devolver à Roma o terreno usurpado por Nero com um edifício de gigantesco apelo popular. Vespasiano drenou o lago e lançou as bases do anfiteatro, vindo a morrer em 79. Tito acrescentou novas fileiras de assentos e o inaugurou com cem dias de jogos, em 80, em homenagem à Vespasiano. Logo depois, o segundo filho de Vespasiano, Domiciano, completou o trabalho. Acredita-se que o anfiteatro comportava, no início, naumaquias, ou seja, batalhas navais encenadas na arena, com águas desviadas do Acqua Claudia, antes da construção dos hipogeus para abrigar os gladiadores, condenados e animais selvagens, além dos sistemas de elevadores que elevavam as atrações do hipogeu para as areias da arena.
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Pollice Verso por Jean-Léon Gérôme, 1872.
O nome Coliseu é derivado da estátua gigante que representaria o próprio imperador Nero, mas que foi preservada durante a demolição do palácio do mesmo, a Domus Aurea, reformada para representar a imagem do deus Sol Invictus. O colosso foi transferido de seu local original para se assentar em frente ao templo de Vênus e Roma durante o império de Adriano.
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Vista interna do Coliseu
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Templo de Vênus e Roma, em frente ao Coliseu e visto de dentro dele.
Além das atrações diversas oferecidas pelo anfiteatro, em especial as lutas gladiatórias, configurava-se como uso político das massas. Suas fundações de concreto, com paredes radiais de tufo (rochas de baixa densidade granuláveis), eram revestidos de blocos de concreto no topo e os acabamentos exteriores de mármore travertino. Sua fachada foi inspirada no Teatro de Marcelo, e da mesma forma tem-se a sobreposição das ordens toscana (semelhante à dórica), jônica e coríntia. Segundo Janson, as colunas e arcos reestabelecem a escala humana no monumental.
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Paredes radias do terceiro nível, na parte inferior da fotografia. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
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Abóbadas de aresta do segundo nível. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu.
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Museu do Coliseu, nas galerias internas do anfiteatro. 
O termo vomitorium passou a designar os corredores de acesso dos anfiteatros e teatros, devido à capacidade de rápida evacuação das pessoas em um curto espaço de tempo. Vomitoria designa as entradas dos acessos para a arena e arquibancadas. Supreendentemente, o projeto arquitetônico do Coliseu ainda causa espanto e admiração no mundo contemporâneo devido à sua engenhosidade e praticidade. O Coliseu possuía esculturas instaladas nos arcos externos, de cor avermelhada, conforme vemos em diversas restaurações virtuais do Coliseu em vídeos, filmes e documentários.
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Diagrama dos níveis de assentos. 
Concreto romano, conhecido como pozolana, nos corredores do primeiro nível e escadarias internas. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
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Concreto romano revestido de mármore e alvenaria em dois arcos radiais. Coliseu.
Os assentos dos espectadores eram inteiramente de mármore e divididos por faixas divisórias de alvenaria, em cinco áreas horizontais, para as diferentes categorias de público e classes sociais. A área inferior era reservada para senadores e suas famílias. O mais alto nível, nos degraus sob a colunata, era destinado às mulheres, devido às leis moralizantes da época de Augusto. Os espectadores alcançavam os seus respectivos lugares entrando pelos arcos numerados, da mesma forma que entramos nos modernos estádios através das portarias numeradas respectivas ao nosso bilhete de ingresso. Os números foram gravados nas pedras-chaves dos arcos, ou pedras angulares.  Imperadores e as autoridades entravam em zonas reservadas situadas no eixo menor da elipse.
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Detalhe do número LII (52) em um dos arcos externos do Coliseu.
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Mármores originais das arquibancadas. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. F
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Indicação de mármore de assento (locumdo Praefectus Urbi (prefeito de Roma) Fabius Felix Passifilus Paulinus, de 450-476 d.C., no Museu do Coliseu. 
A arena elíptica possuía um pavimento parte de tijolos e parte de madeira, coberta com areia, de forma a absorver o sangue dos espetáculos. Se separava das arquibancadas por um alto pódio de aproximadamente 4 m, decorado com nichos e mármores. Os espectadores eram protegidos por uma balaustrada de bronze. O hipogeu era a área de serviços subterrânea, dividido em uma grande passagem central ao longo do maior eixo de comprimento, com doze corredores curvos, dispostos simetricamente em ambos os lados. Elevadores de carga alçavam carros e animais utilizados em jogos. Duas entradas monumentais com grandes arcos, nas extremidades do eixo maior, davam diretamente na arena e eram destinadas à entrada dos principais personagens dos jogos, como gladiadores e grandes animais. A arena também podia ser acessada pelos os atendentes através de passagens de serviço que corriam sob o pódio da arquibancada.
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Hipogeu. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
 Entradas monumentais com grandes arcos, nas extremidades do eixo maior, que davam diretamente na arena, destinadas à entrada dos principais personagens dos jogos, como gladiadores e grandes animais. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.
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Maquete reproduzindo o sistema de elevadores do hipogeu, no museu do Coliseu. 
O ático possuía 40 pequenas janelas retangulares entre as pilastras, ornamentados com os escudos de bronze.  Mísulas se destacam de forma a suportar as estruturas do velarium, a cobertura manobrável que protegia os espectadores do sol e chuva, por um destacamento de marinheiros profissionais.
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Os jogos gladiatórios, introduzidos em 264 a.C. pelo cônsul Décimo Junio Bruto, foram proibidos em 404 por Honório, no Império em processo de cristianização, que se opunha às práticas gladiatórias e pagãs. A invasão dos bárbaros contribui para o esvaziamento gradual de Roma, que passará de mais de um milhão de habitantes nos tempos de Augusto para pouco menos de 100 mil no início da Idade Média.
Durante o império, sucessivas restaurações registradas na história ocorreram sob os imperadores Antonino Pio, Heliogábalo, Alexandre Severo e Gordiano III, e deste último destaca-as a cunhagens de moedas com a imagem do Coliseu, do Colosso de Sol Invictus e do Meta Sudans, por volta do ano 240. Seguem-se mais restaurações sob os imperadores Décio e Honório, que havia proibido os jogos de gladiadores e desde então, até os tempos do rei ostrogodo Teodorico (454-526), o Coliseu foi usado para a Venatio (veações), ou seja, os espetáculos com feras selvagens e caças a estes animais, onde centenas deles podiam ser mortos em um único dia. Anteriormente, estes espetáculos antecediam as execuções públicas e os combates de gladiadores, a atração máxima. O último combate de gladiadores foi em 437. Após o saque visigótico de Roma de 410, liderado por Alarico, ocorre uma restauração após um terremoto em 442, e mais outra após um terremoto em 470. Outros terremotos foram registrados durante o início da Idade Média.
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Moeda de Gordiano III, onde figuram o Colosso e o Meta Sudans, ao lado esquerdo do Coliseu. Adaptado da 
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Fachada em processo de restauração. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. ós a queda do Império do Ocidente, o Coliseu foi usado no século VI como cemitério e fortificação, na Alta Idade Média.  Foi severamente danificado por um terremoto em meados do século IX e pelo grande terremoto de 1349, causando o colapso do lado sul exterior. Suas ruinas continuaram a fornecer material de construção, além de ter sido ocupado com residências durante o final da Idade Média. Os blocos de mármore travertino foram removidos sistematicamente nos séculos XV, XVI e XVII para a construção de novos edifícios. Os terremotos e saques levaram o Coliseu ao seu estado atual de ruínas. Durante a Idade Média, serviu como pedreira e seus materiais foram retirados para atenderem outras construções. Grande parte dos buracos que se encontram espalhados por todo o edifício são decorrentes das retiradas de gatos (grampos de metal usados para consolidar a estrutura) que uniam grandes blocos de pedra e revestimentos.
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Detalhe das mangueiras azuis borrifando água para fins de conservação e restauração, devido às altas temperaturas do verão romano. 
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Buracos espalhados na fachada do Coliseu, criados para a retirada dos gatos durante a Idade Média. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
Durante o Jubileu de 1675, o Coliseu assumiu o caráter de local sagrado pela memória dos mártires cristãos ali condenados à morte, segundo a tradição, compondo com santuários da Via Crucis do Fórum Romano. Atualmente é propriedade da Igreja Católica e funciona como local de culto e museu, com exposições de artefatos e lojas nos corredores internos.
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Placa de Pio IX referente à restauração de 1852, na fachada voltada ao Esquilino. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
Outra grande restauração começou depois de 1806, após um violento terremoto que comprometeu o anel externo do lado ocidental. Foram adicionadas estruturas de alvenaria de tijolos, diferentes do material original, provavelmente mais por razões económicas e não por um desejo de diferenciação, como recomenda as práticas de restauração do século XX, como descreveu Cesare Brandi[1] em Teoria da Restauração.
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Alvenaria adicionada pelo arquiteto Raffaele Stern em 1806. Anfiteatro Flaviano, o Coliseu. 
Os restos da Meta Sudans, uma fonte do período da Dinastia Flaviana adjacente ao Coliseu, foi finalmente demolida entre 1933 e 1936, juntamente com os restos da base do Colosso de Nero, durante as obras de construção do Via Imperial de Mussolini. Esse tema será melhor comentado no Arco de Constantino. Em 1939 o hipogeu foi escavado revelando as estruturas subterrâneas da arena.
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Muito cuidado ao tirar fotos dos gladiadores que ficam no entorno do Coliseu: saiba que eles irão cobrar caro pela 
Diversos edifícios foram influenciados pela arquitetura do Coliseu: Pallazo Corner em Veneza, palácio ducal em Mântua, Castelo Farnese em Caprarola, Kongresshalle (1935, inacabado) do Partido Nazista em Nuremberg, o exterior da biblioteca pública de Vancouver na Columbia Britânica, o Los Angeles Memorial Coliseum e o Palazzo della Civilta Italiana, conhecido como o Coliseu Quadrado. Este último foi construído para Mussolini para a exposição universal de 1942, que não aconteceu, devido ao início da Segunda Guerra Mundial. Os arquitetos f
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O “Coliseu Quadrado”, Roma. 
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O Palazzo Farnese em Caprarola. 
A computação gráfica Rome Reborn, , apresenta, aos 1 min. e 50 segs., uma reconstituição do Arco de Constantino, a fonte Meta Sudans e o Coliseu. Disponível em:
[1] Para Cesare Brandi, A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo (p. 33). Entre alguns pontos comentados por Brandi, destaco: Ruína: tudo aquilo que é testemunho da história humana, mas com um aspecto bastante diverso e quase irreconhecível em relação àquele de que se revestia antes, e que não pode ser reconduzido à unidade potencial. A restauração da ruína deve focar-se na consolidação, para promover uma reintegração da unidade potencial originária. Deve-se valorizar a conservação preventiva e evitar as intervenções radicais. Deve-se respeitar não só a ruína ancestral, mas também a intervenção bárbara do vândalo, quando se constituir de um elemento histórico e documental. Deve-se respeitar intervenções artísticas posteriores, quando se constituir de um elemento importante.

Edifícios e estruturas de Pompeia



A Porta Marina, entrada principal do parque, até a fatal erupção do Vesúvio em 79 d.C., situava-se rente ao porto da cidade, na costa do mar, e atualmente está a quilômetros de distância. É por ela que se acessa o parque pela estação de trem principal e bilheteria. De acordo com o websiteoficial do Parque Arqueológico de Pompeia[1], a Porta Marina é semelhante a um bastião, e junto com Porta Herculano é uma das mais imponentes dos sete portões de Pompéia.  Possui dois arcos de abóbadas de berço combinados em uma única estrutura em opus caementicium, sendo que uma passagem se destinava a pedestres e a outra, maior, para veículos, separadamente.

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Entrada da Porta Marina do sítio arqueológico de Pompeia, a partir da estação de trem. 

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Entrada da Porta Marina do sítio arqueológico de Pompeia. 

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Entrada da Porta Marina e calçamento original romano. 
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Entrada da Porta Marina abobada de concreto pozolana. 

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Saída da Porta Marina, com detalhes das camadas estruturais das paredes

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Saída pela Porta Herculano, em direção à Via delle Tombe e Vila dos Mistérios. 

Ao entrar pela Porta Marina, os calçamentos das ruas chamam atenção pela preservação de ricos detalhes. As ruas pavimentadas de Pompeia possuíam passadiços elevados para que os pedestres atravessassem com maior conforto, evitando as águas torrenciais e o esgoto da cidade. Em algumas pedras dos calçamentos podemos ver as impressionantes marcas dos aros metálicos das rodas dos carros romanos, que tinham um padrão de eixo de 1,40m. As fontes de água também chamam atenção e refrescam os visitantes que enchem as ruas das cidades.

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Rua e passadiço de Pompéia, com as marcas das rodas de carros. 

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Passadiço de rua de Pompéia.

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Marcas das rodas de carros em Pompeia. 
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O Fórum de Pompeia remonta ao período de ocupação samnita, quando se intensificou a monumentalidade arquitetônica de seus edifícios. Possui uma grande forma retangular, tendo ao norte o Templo de Júpiter (tríade capitolina) e, ao sul, no acesso para a Porta Marina, a basílica. Na praça central encontrava-se o grande pórtico com colunatas ladeando o fórum. Era cortado pelo cardus maximus e decumanus maximus, sendo o primeiro chamado Via del Foro e o último Via dell’Abbondanza. Ao contrário de uma típica cidade romana planejada, o fórum principal de Pompeia não se localizava próximo ao centro geográfico da cidade, mas estava deslocado para o oeste, no sentido da Porta Marina. À medida em que a cidade foi se expandindo, esta tomou a direção da Via dell’Abbondanza, ao leste, na região do anfiteatro. Na entrada do Fórum de Pompeia destacam-se as imponentes ruínas da basílica que datam do século II a.C.

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Planta do Fórum de Pompeia, adaptado de 
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Fórum de Pompéia. F

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Basílica de Pompeia. Ao fundo a colunata coríntia do tribunal e alto podium
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Basílica de Pompeia, com as bases das colunatas, dando uma visão das dimensões das naves. 
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Pórtico da Basílica de Pompeia, com colunatas dóricas e jônicas. Vemos uma base para esculturas antecedendo a colunata dórica.
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Fórum de Pompeia com o Monte Vesúvio ao fundo. 
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Templo de Júpiter, com a tríade capitolina (

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Templo de Júpiter, com a tríade capitolina 

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Podium do Templo de Júpiter, em frente 

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Depósito de artefatos situado no Fórum de Pompeia, local de trabalho e catalogação arqueológica. Encontra-se nesse local moldes de gesso de corpos humanos. 

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Ânforas e vasos cerâmicos diversos no depósito do Fórum de Pompeia.

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Carroça de madeira no depósito

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Corpo de criança no depósito 

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Artefatos no depósito 
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Arco de Calígula, ao norte do fórum, na Via 

Como vimos, o decumanus maximus de Pompéia é chamado Via dell’Abbondanza, uma grande via que atravessa a cidade, desde o Fórum até a Porta de Sarno. Por ser uma das vias principais, e mais valorizadas da cidade, é a que melhor retrata o estilo de vida das pessoas que viveram na cidade.  Ao andar pela via, percebe-se os projetos de restauração das fachadas dos edifícios protegidos por estruturas metálicas e tapumes, em especial os edifícios comerciais de dois andares dos tempos da erupção. Os andares térreos acolhiam duas lojas distintas, que não podemos ver nas fotografias abaixo, escondidas atrás dos tapumes das obras. Os andares superiores acolhiam restaurantes, que propiciavam uma bela vista da movimentada via logo abaixo.

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Edifício de lojas e restaurante na Via d

Na mesma via é possível admirar os numerosos grafites rabiscados e pintados nas fachadas de algumas casas, como na Casa de Aulus Trebius Valens, nos oferecendo informações sobre os costumes e sobre a língua latina vulgar, com pequenas diferenças do latim erudito.
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Inscrições em latim na Casa de Aulus Trebius Valens, na Via 
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Inscrições em latim na Casa de Aulus Trebius Valens, na Via dell’Abondanza. 
Os thermopoliuns eram uma espécie de bar e lanchonete que serviam bebidas quentes e frias. Em Pompeía existem inúmeros e são facilmente identificados nas ruas. Um dos mais famosos e preservados é o thermopolium de Vetutius Placidus, localizado na Via dell’Abondanza, o decumanus maximus da cidade. Pratos quentes e frios eram vendidos em um balcão de alvenaria em ‘L’ contendo vasos de terracota. Não seria exagero dizer que se equivalem aos nossos 
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Lararium pintado no thermopolium de Vetutius Placidus. Na pintura, a figura central é o gênio da casa, que realiza um sacrifício sobre um pequeno altar. No lado esquerdo está o deus Mercúrio, o deus do comércio, enquanto na extrema direita está Baco, ou Dionísio, o deus do vinho. 

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Pompéia conta com um anfiteatro, erguido entre 80 e 70 a.C. Sua arena foi escavada, estando a alguns metros abaixo do nível das vias ao redor. Ela tem uma escadaria de acesso às arquibancadas bastante peculiar, não havendo em outra arena romana estrutura semelhante. Em 62, um tremor menor, frequentes na Campânia, fez danos consideráveis na cidade. Os arcos de alvenaria que reforçam os corredores internos do anfiteatro, abaixo das arquibancadas, foram construídos após esse evento para consolidar os arcos e abóbadas originais de concreto. A Vulcanalia, festa do deus romano do fogo Vulcano (Hefesto), havia sido comemorada no dia anterior, ironicamente. O anfiteatro de Pompeia foi o modelo para o anfiteatro da Universidade de Yale (Yale Bowl), EUA. Suas arcadas se comparam com o podium do templo de Fortuna Primigenia em Palestrina, construção icônica que apresenta a tecnologia do concreto romano.

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Vista externa do anfiteatro, com as arcadas cegas da fachada muito bem preservadas e sua peculiar escadaria de acesso às arquibancadas.

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Vista externa do anfiteatro. À direita, a grande palestra. 

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Nichos do Santuário de Fortuna Primigenia em Palestrina, Itália. 

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Porta de acesso para a arena do anfiteatro. 

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Calçamento de pedras poligonais do corredor do vomitorium que leva à arena. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.

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Arcos de tijolos colocados após o terremoto de 62 d.C., como forma de consolidar a estrutura de concreto.
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Dentro da arena do anfiteatro. Na ocasião, estava instalado uma grande pirâmide abrigando a exposição dos corpos de gesso. 
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Foto aérea do anfiteatro. 

Um fato importante da história dessa arena foi o conflito entre torcidas de gladiadores, no ano de 64 d.C., entre Pompeia e Nocerini, uma cidade da região da Campânia. A pintura abaixo, de uma casa de Pompeia, representa a luta que se inicia nas arquibancadas e se estende para as ruas. O artista imagina a arquitetura, tanto que o número de arcadas cegas que vemos na fachada não corresponde à realidade.

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Afresco que descreve a luta entre o Pompeia 

O Fórum Triangular, mais antigo, se origina no período Samnita e possuia um templo de ordem dórica que ocupava a parte sul do fórum. Uma colunata também da ordem dórica foi construída ladeando o fórum, se encontrando em um alto pórtico da ordem jônica erguido de frente para a rua, formando assim uma entrada monumental para o fórum e para o Grande Teatro.

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Pompeia: Fórum Triangular, grande teatro, quadripórtico e pequeno teatro.

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Vista das arcadas do Grande Teatro a 

No pé de uma das colunas da colunata encontra-se uma bacia do mármore de Carrara e, ao lado dela, a base (podium) de uma antiga estátua que contém uma inscrição dedicada a Marcus Claudius Marcellus, o sobrinho de Augusto falecido precocemente, ao qual foi dedicado o Teatro de Marcelo em Roma.

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Entrada do Fórum Triangular e a bacia de mármore de Carrara.


No fórum se encontram as ruínas de uma pequena estrutura redonda, semelhante a um monóptero, ou tholos, com colunas dóricas, protegendo a boca de um poço.

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Estrutura do Fórum Triangular.

A Casa dos Gladiadores foi escavada pela primeira vez em 1899 e situa-se perto dos limites da muralha. Compõe-se de uma grande colunata de quatro lados localizada abaixo do Fórum Triangular e atrás do palco do Grande Teatro, conectado a este por uma área porticada na qual o público podia caminhar e conversar durante os intervalos teatrais.  Era usada como residência a partir do primeiro século antes de Cristo. É possível que o local fosse usado como espaço de reunião e treinamento dos gladiadores antes de se dirigirem ao anfiteatro.

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Vista da palestra a partir do Fórum Triangular. 
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Vista da palestra a partir do Fórum Triangular. 
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Palestra e Casa dos Gladiadores.encontra-se o Grande Teatro e o Pequeno Teatro do Fórum Triangular, ou Odeon, do século I a.C. Este último era coberto, em toda a sua extensão, por uma estrutura de madeira.

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Pequeno teatro ou Odeon de Pompeia. 
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Detalhe do atlante no pequeno teatro de Pompeia. 
Sobre a higiene pessoal e as casas de banho, as casas mais abastadas possuíam água corrente, mas nem todos os pompeianos tinham água corrente em suas casas. Sendo assim, os cidadãos, de forma geral, ricos e pobres, frequentavam os banhos públicos. Os banhos também eram utilizados como local de encontros sociais e conversas. Como vimos anteriormente (ver Termas e banhos públicos), os estabelecimentos de banhos ofereciam banhos quentes, mornos e frios, piscinas, saunas, massagens, cuidados pessoais, arenas esportivas e espaços abertos. Homens e mulheres tinham ambientes separados. Nas Termas do Fórum de Pompéia é possível observar os belos estuques que ornamentam as paredes, em especial nas abóbadas dos banhos. Na Roma Antiga, as peças escultóricas agregadas aos edifícios, como os frisos, cariátides (fuste de colunas com forma de figuras femininas) e atlantes (figuras masculinas que apoiam o peso do entablamento, referente à Atlas), também eram pintados com cores vivas. Assim como os gregos, podiam apresentar nos frontões conjuntos escultóricos complexos.

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Tepidarium dos banhos do Fórum.
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Tepidarium dos banhos do Fórum e detalhe dos nichos enquadrados com figuras de atlantes em estuques. 

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Tepidarium dos banhos do Fórum e detalhe dos temas mitológicos em estuques.

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Banheira do caldarium dos banhos do Fórum

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Abside do caldarium dos banhos do Fórum. 
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Área externa (palestra) dos banhos do Fórum. 

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Fragmento de hipocausto em Pompeia, na região do anfiteatro.
Pompeia é famosa pelas representações de cenas e posições sexuais em suas casas de prostituição, e o Lupanário é a casa de prostituição mais conhecida. Ao andar pelas ruas, podemos encontrar diversas representações do deus Príapo, que porventura é confundido e interpretado erroneamente como sinalização para o rumo das casas de prostituição. Príapo era filho dos belos deuses Afrodite e Dionísio. Hera, receosa da beleza que poderia ter o filho de tais deuses, tocou o ventre de Afrodite e assim o deus nasceu feio e disforme, com chifres, orelhas grandes, cauda e pés de bode e um pénis grande e desproporcional. Afrodite o abandona num monte, mas o pequeno deus fora encontrado e protegido por pastores, semelhante ao mito de Páris. Sendo assim, Príapo, um deus bom, passou a ser venerado como um deus de fertilidade, protetor das hortas, jardins, lares e animais. Por isso muitas residências exibiam pênis esculpidos ou em estuque nas suas fachadas, como amuleto de boa sorte e prosperidade.

Representações fálicas em alusão ao deus Príapo em Pompeia. 

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Representações fálicas em alusão ao deus Príapo em Pompeia.

Arco de Tito

Arco de Tito

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Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 

Durante o século XIX as feições originais do Arco de Tito foram sendo restabelecidas e restauradas. Entre os elementos ornamentais, destacam-se a pedra da chave do arco, ou pedra angular, em forma de voluta, duas Vitórias aladas nos tímpanos do arco, a cornija ricamente adornada com mísulas e dentículos e os caixotões em relevo da abóbada. No centro da abóbada encontra-se um relevo com a apoteose de Tito. O ático do arco foi originalmente coroado provavelmente com uma quadriga dourada, e encontra-se a inscrição:SAMSUNG CAMERA PICTURES
SENATVS
POPVLVSQVE · ROMANVS
DIVO · TITO · DIVI · VESPASIANI · F (ILIO)
VESPASIANO · AVGVSTO
(O Senado e o povo romano ao Divino Tito Vespasiano, filho do Divino Vespasiano)
Saindo do Coliseu em direção ao Fórum Romano, encontra-se o Arco de Tito, construído em 81 d.C. pelo imperador Domiciano. Como vimos anteriormente, um arco de triunfo é uma estrutura monumental, com um ou mais arcos, para celebrar um importante evento relacionado a conquistas políticas, cívicas e militares. O arco comemora a conquista de Jerusalém pelo irmão de Domiciano, Tito, em 79 d.C. A conquista de Jerusalém resultou na destruição do Templo de Salomão, restando apenas os alicerces, conhecidos como o famoso Muro das Lamentações. Outra consequência da conquista foi a Diáspora dos Judeus, momento em que a nação judia se espalha pelo Ocidente e perde definitivamente o poder sobre a Terra Santa, até a criação do Estado de Israel, em 1948. A Via Sacra do Fórum Romano passa sob o Arco de Tito e se estende por todo o monumental fórum. A estrutura consiste em dois grandes pilares ligados por um arco, coroado com ático, que possui inscrições cívicas comemorativas, e no topo havia uma quadriga em triunfo. É decorado com frisos em relevos esculpidos e dedicatórias. Suas meias-colunas compósitas movimentam a fachada da estrutura.SAMSUNG CAMERA PICTURES
Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 

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Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 

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Relevo da Apoteose de Tito, na abóbada de berço do Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 

O Arco de Tito celebra as vitórias e os espólios nas guerras judaicas, quando Jerusalém é saqueada, promovendo a expulsão dos judeus da Judéia, conhecida como a Diáspora dos Judeus, no ano 79. Em um dos frisos internos, à direita de quem entra pelo Coliseu, vemos a menorahjudaica, o castiçal de sete lâmpadas de propriedade do Templo de Jerusalém. Diversas construções do período de Vespasiano, Tito e Domiciano foram patrocinadas com os espólios da Judéia, como o próprio arco e o Coliseu.

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Frisos internos do Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 

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Frisos internos do Arco de Tito, 81 d.C., Roma. Resultado de imagem para anfiteatro antigo
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Frisos internos do Arco de Tito, 81 d.C., Roma. 
Outros frisos comemoram importantes eventos de Vespasiano e Tito, e é importante lembrar que estes eram pintados com cores vivas e ouro, como de costume na arquitetura e escultura. Durante a Idade Média, a família Frangipani transformou-o em uma torre fortificada, com uma extensa muralha que cobria parte do Palatino e do Fórum. Sua restauração iniciou-se na primeira metade do século XIX.

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